titulo: Heidegger e a psicanálise: uma conversa em Sicília

 

Justificacao:   Heidegger e a psicanálise: uma conversa em Sicília

 

 

"A ocultação não é antítese de uma consciência,

ela pertence à clareira.

Freud não viu esta clareira [...]"

 

(HEIDEGGER, M. Os Seminários de Zollikon. São Paulo: EDUC, 2001. p. 200)

 

 

 

Pretendo nesta Comunicação analisar algumas críticas pontuais que Heidegger dirige à psicanálise freudiana, restringindo-me à conversa que manteve com Medard Boss, nas férias sicilianas de abril-maio 1963. À luz da tripla e 'equiprimordial' estrutura fundamental do Dasein (ser-adiante-de si, sempre-já-ser, estar junto a...), o filósofo 'desconstrói' a teoria freudiana, abordando temas específicos tais como: representação, terapia, transferência, afeto, recalque, pulsão, libido, instâncias psíquicas (id, ego, superego).

Evidentemente, é difícil concordar com uma distribuição tão maniqueísta (clareira -cegueira) do poder explicativo-compreensivo da construção filosófica (Heidegger) e psicanalítica (Freud) em suas tentativas de lançar alguma luz sobre a enigmática existência humana. Entre assumir a provocação, defendendo, numa postura apologética, um ou outro dos dois discursos ou cair na tentação de um ecletismo apaziguador resta sempre a possibilidade de tentar compreender, num esforço hermenêutico, as razões de cada um.